Parte 1
Lira XXIII
Num sítio ameno
Cheio de rosas,
De brancos lírios,
Murtas viçosas;
Dos seus amores
Na companhia
Dirceu passava
Alegre o dia.
Em tom de graça
Ao terno amante
Manda Marília
Que toque, e cante.
Pega na lira,
Sem que a tempere,
A voz levanta,
E as cordas fere.
C’os doces pontos
A mão atina,
E a voz iguala
À voz divina.
Ela, que teve
De rir-se a idéia,
Nem move os olhos
De assombro cheia:
Então cupido
Aparecendo,
À Bela fala
Assim dizendo:
“Do teu amado
A lira fias,
Só porque dele
Zombando rias?”
“Quando num peito
Assento faço,
Do peito subo
À língua, e braço.”
“Nem creias que outro
Estilo tome,
Sendo eu o mestre,
A ação teu nome.”
Glossário:
Ameno: tranquilo
Murtas: gênero de plantas
Tempere: afine
Atina: recorda
Interpretação:
Na lira, Marília diverte-se da canção que Dirceu toca para ela. Ao ver a atitude de Marília, o Cupido se irrita com a zombaria dela e lhe diz que a canção de Dirceu é a canção do próprio Cupido uma vez que ele é o mestre de todos os apaixonados e assim mostra que ela deve valorizar o tão belo trabalho, já que este é inspirado no próprio nome de Marília.
Arcadismo:
A primeira característica do arcadismo na lira é a exaltação da natureza, presente na primeira estrofe quando o sitio ameno é descrito, isso também é conhecido como "locus amoenus" (local ameno). A segunda característica é a presença do Cupido, um ser mitológico, uma das representações de Eros, o deus grego do amor, e essa referencia à cultura greco-romana é bastante comum ao neoclassicismo. Além disso, a forma como Dirceu exalta Marília, de forma simples, através de uma canção e sem envolver nenhum bem material também remete ao arcadismo, uma vez que este valoriza a simplicidade e o desprendimento do materialismo.
Comentário histórico:
Tomás Gonzaga apaixona-se pela filha do capitão Baltazar João Mayrink, Maria Dorotéia, e esse amor, não um amor efêmero e sim um delicado e cortês, o inspirou em contínuas liras. Nesta época, quando é nomeado desembargador da relação da Bahia, também começa a planejar seu casamento com sua amada, que infelizmente, nunca chega a acontecer.
Isabella, nº 20, 1ºA.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA interpretação foi clara e objetiva, as características do Arcadismo estão bem explicadas, porém, uma outra característica deveria ter sido mencionada: a utilização de períodos curtos. No mais, a análise está completa e fácil de compreender.
ResponderExcluirRoberta, nº 32, 1º "A".
A interpretação e as características do arcadismo foram mencionadas claramente e sem expressões complicadas. Algo que deveria ser acrescentando para melhor visualização na Lira aos leitores seriam as palavras sublinhadas que estão presentes no glossário.
ResponderExcluirRuth Oliveira, nº 33, 1º A.
Você foi feliz em suas colocações do início ao fim e gostaria de ressaltar que concordo com o que o Cupido mostra a Marília,ou seja,concordo que ela deveria valorizar o tão belo trabalho e sentir-se honrada.
ResponderExcluirMarcone, n°28 ,1°''A''
A interpretação da Lira que a Isabela escolheu foi bem clara. Ela soube interpreta bem o Arcadismo falando da exaltação da natureza que esta presente na primeira estrofe da Lira.
ResponderExcluirStefane Sampaio N°35 1° Ano ''A''
Tudo foi bem esclarecedor, realmente uma bela colocação do começo ao fim. O Arcadismo foi bem elaborado por você ter sido objetiva apresentando por partes as características satisfatórias da lira, a ação mitológica presente, e o modo em que Dirceu atua sobre a lira, ou seja, o modo simples de envolver uma canção onde remete ao arcadismo.
ResponderExcluirAmanda Marques nº 02 , 1º A
Ficou tudo muito bom, adorei a interpretação e o fato de você ter falado sobre a exaltação da natureza, estou fazendo um trabalho sobre essa obra perfeita, pode me ajudar?
ResponderExcluirEu gostaria de saber, quais são as figuras de linguagem presentes nessa Lira XXIII? E quais são as palavras que contém essas figuras? Quem puder me ajudar por favor, agradeço.