A inocência como
fator de bem
Quantas vezes o homem se comporta como uma criança, e até lhe é grato voltar às travessuras de seu tempo de menino, porém esquece que perdeu a inocência e que tais posturas, embora particularizem um estado de ânimo festivo, não se ajustam às regras de conduta próprias de um homem maduro.
Segundo o dicionário online de português chamar alguém de inocente, significa atribuir a essa pessoa um patamar de quem não comete ou cometeu ato ilícito, e também dar a ela a condição de quem não e culpado. Porém essa definição desperta nos leitores certa dúvida: uma pessoa que comete algo inaceitável pode ser chamada novamente de inocente?
É possível voltar à inocência, quer dizer, à pureza no pensar, no sentir, no proceder e, adicionemos também, no tratamento que dispensamos a nós mesmos. E dizemos a nós mesmos porque é preciso saber que há uma vida de relação própria, uma vida íntima que pertence única e particularmente a cada um. Ali, nesse íntimo enlace entre a consciência, o coração e a mente, é onde se está perante o juízo que nos interroga e onde todo ser delibera sobre a natureza e o alcance de suas decisões. É justamente nessa vida de relação consigo mesmo que se deve cultivar a pureza fertilizante e ativa que torna puro o campo mental, permitindo que se deem à luz os pensamentos mais nobres e férteis, capazes de operar verdadeiros prodígios no interior do ser, como o de conduzi-lo a insuspeitadas metas do conhecimento.
Observa-se a presença da inocência
em todos os lugares, e em todos os âmbitos que se tem ideia. Um exemplo disto pode-se
ver na bíblia sagrada, onde temos a primeira dispensação: a inocência, onde o homem não possuía o discernimento
do bem e do mal.
Se a verdade, mãe de todas
as verdades, é fonte inesgotável de pureza e de saber, nada mais lógico que o
homem busque submergir sua consciência nessa fonte e se sature desse princípio
eterno que infunde a temperança e a benignidade, tão necessárias ao
temperamento humano.
As primeiras contaminações que se produzem na terna idade da infância e que influem tão consideravelmente no ânimo, na moral e instintos do ser, ocorrem na mente. É nela que tomam forma e se instalam como senhores os pensamentos que mais tarde gravitam decididamente no gênero de vida que se elege para satisfação deles.
As primeiras contaminações que se produzem na terna idade da infância e que influem tão consideravelmente no ânimo, na moral e instintos do ser, ocorrem na mente. É nela que tomam forma e se instalam como senhores os pensamentos que mais tarde gravitam decididamente no gênero de vida que se elege para satisfação deles.
É fácil, então,
compreender que, para eliminar todo pensamento nocivo e impuro, daqueles que
corroem o entendimento, seja necessário efetuar uma rigorosa limpeza mental.
Isto é primordial, fundamental, caso se queira resgatar paulatinamente o
diáfano fulgor da inocência.
É preciso saber que a
inocência no homem deve ser produto de uma condição superior. A boa intenção,
como a boa-fé, o altruísmo, o sentido do bem, do belo e do justo, são sinais
característicos de elevação moral. Ali aparece a pureza de tudo de bom que se
pode reunir como manifestação de uma vida gentil, amável, doce e consciente de
sua natureza inofensiva e leal.
Quantas fisionomias, ao despoluir-se
a mente, não se limpariam dessas expressões de malícia, e quantos olhares
maliciosos e intrigantes não se tornariam inofensivos, dissipando o receio do
próximo à inspiração de sadios e
elevados pensamentos, em cuja convivência a vida se transforma em formosos
exemplos de bem!Marcone, nº28, 1º "A".