sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Lira XVIII

Análise da Lira XVIII

Não vês aquele velho respeitável,
Que, à muleta encostado,
Apenas mal se move e mal se arrasta?
Oh! quanto estrago não lhe fiz o tempo,
O tempo arrebatado,
Que o mesmo bronze gasta!

Enrugaram-se as faces e perderam
Seus olhos a viveza;
Voltou-se o seu cabelo em branca neve;
Já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo,
Não tem uma beleza
Das belezas que teve.

Assim também serei, minha Marília,
Daqui a poucos anos,
Que o ímpio tempo para todos corre:
Os dentes cairão e os meus cabelos.
Ah! sentirei os danos,
Que evita só quem morre.

Mas sempre passarei uma velhice
Muito menos penosa.
Não trarei a muleta carregada,
Descansarei o já vergado corpo
Na tua mão piedosa,
Na tua mão nevada.

As frias tardes, em que negra nuvem
Os chuveiros não lance,
Irei contigo ao prado florescente:
Aqui me buscarás um sítio ameno,
Onde os membros descanse,
E ao branco sol me aquente.

Apenas me sentar, então, movendo
Os olhos por aquela
Vistosa parte, que ficar fronteira,
Apontando direi: - Ali falamos,
Ali, ó minha bela,
Te vi a vez primeira.

Verterão os meus olhos duas fontes,
Nascidas de alegria;
Farão teus olhos ternos outro tanto;
Então darei, Marília, frios beijos
Na mão formosa e pia,
Que me limpa o pranto.

Assim irá, Marília, docemente
Meu corpo suportando
Do tempo desumano a dura guerra.
Contente morrerei, por ser Marília
Quem, sentida, chorando,
Meus baços olhos cerra.
Muito menos penosa.
Não trarei a muleta carregada,
Descansarei o já vergado corpo
Na tua mão piedosa,
Na tua mão nevada.

Glossário: 
vergado - curvado, dobrado.
prado - grande extensão de terra coberta de ervas para pastagem.
ameno - clima agradável.
pranto - lágrimas. 

Interpretação:

O tema principal da Lira XVIII não é o amor mas a fatalidade da morte e o tempo em que se passa. O eu lírico apresenta um exemplo de um idoso nos fins de sua vida, que o tempo foi implacável e não ajudou esse velho senhor, mas o eu lírico ressalta após o exemplo a certeza que tem sobre Marília cuidar dele, '' Quem, sentida, chorando,/Meus baços olhos cerra./Muito menos penosa./Não trarei a muleta carregada,/Descansarei o já vergado corpo/Na tua mão piedosa,/Na tua mão nevada.'' Ao decorrer do poema o eu lírico olhará para longe e se lembrará com saudades do dia em que conheceu sua amada, Marília, onde se emociona. O eu poético então finaliza dizendo sobre a morte, onde chegará pela ação do tempo e das batalhas da vida. Segundo ele morrerá feliz, por há de morrer nos braços de Marília a qual fechará os olhos dele. Há a refinada simplicidade neoclássica: uma dicção aparentemente direta e espontânea.

Características:

As características arcádicas ressalta o pastor Dirceu que celebra a beleza de Marília em pequenas odes anacreônticas. Na lira XVIII, as convenções mal disfarçam a confissão amorosa do amor de Dirceu. A ansiedade de um homem mais velho apaixonado por uma adolescente, que tem a necessidade de mostrar que não é um qualquer que merece sua amada, e declara os projetos de uma sossegada vida futura. Nesta primeira parte da lira o autor denota preferência pelo verso leve, tratado com facilidade e fácil compreensão.

Comentário sobre a situação histórica:

Tomás Antônio Gonzaga era o mais versátil dos nossos poetas movimento Arcadian que ocorre imediatamente após o Barroco, e em oposição a isso. Reflexão de idéias do Iluminismo, o autor virou-se para a racionalidade e clareza, e foi caracterizada por adoração da natureza, empregando ritmos graciosas e retornar às tradições do classicismo. Gonzaga soube incorporar experiências pessoais em sua poesia. E uma tentativa de autobiografia prestados evidente Marilia Dirceu. Esta é uma referência Paixão Gonzaga, quando ele tinha 40 anos, por Maria Dorothea Joaquina de Seixas, então com 17 anos. A crítica dessa relação pela família da moça para longe dela e inspira o trabalho. Em resumo, o pastor Dirceu declara seu amor pela pastora Marília.

Amanda Marques nº 02 , 1º A

6 comentários:

  1. A interpretação foi bastante clara, já as características, acho que deveriam ter sido explicadas de forma mais simplificada, assim como o histórico.

    Isabella, nº 20, 1ºA

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  2. A interpretação foi bem clara. Mas as características deveriam ser mais Clara.

    Stefane Sampaio N°35 1° Ano ''A''

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  3. A interpretação foi muito bem feita e o jogo de palavras ajudou muito na beleza do que foi escrito.Já a caracterização, em minha opinião deveria ter sido mais sucinta e clara.
    Em geral a análise foi bem feita.

    Marcone, n°28 ,1° ''A''.

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  4. A interpretação foi boa, mas a maioria do que foi colocado como características do Arcadismo deveria estar na interpretação. De fato, não foram citadas características árcades. O comentário histórico foi diferenciado, pois relatou um contexto geral do movimento Arcadismo, algo não citado anteriormente.

    Roberta, nº 32, 1º "A".

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  5. A interpretação da lira foi compreensível, porém deveriam ser mencionados maiores quantidades de características árcades. Algo que ficou completo e objetivo foi o contexto histórico, que fez com que a análise ficasse mais completa.
    Ruth Oliveira, nº 33, 1º A.

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  6. Concordo com a Roberta que complementei nas características o que eu podia ter colocado na interpretação, e que também falhei por não ter citado um pouco mais sobre as características arcádicas. O comentário histórico foi proposital causar essa diferença, então vejo como um lado positivo.

    * Corrigindo as Características do Arcadismo: Os representantes árcades optavam pela simplicidade, pela ordem direta da linguagem e pela clareza. Presente então o racionalismo, em virtude de a arte ser concebida como a criação que dela se originasse deveria ser filtrada tão somente pela razão e pela paixão. Nesse sentido, o artista deveria recorrer as emoções genéricas, fruto da inspiração pura e simples do enunciador.

    Amanda Marques nº 02 , 1º A

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