segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Dissertação - Soneto III

A inocência como fator de bem

   Quantas vezes o homem se comporta como uma criança, e até lhe é grato voltar às travessuras de seu tempo de menino, porém esquece que perdeu a inocência e que tais posturas, embora particularizem um estado de ânimo festivo, não se ajustam às regras de conduta próprias de um homem maduro.
Segundo o dicionário online de português chamar alguém de inocente, significa atribuir a essa pessoa um patamar de quem não comete ou cometeu ato ilícito, e também dar a ela a condição de quem não e culpado. Porém essa definição desperta nos leitores certa
dúvida: uma pessoa que comete algo inaceitável pode ser chamada novamente de inocente?
   É possível voltar à inocência, quer dizer, à pureza no pensar, no sentir, no proceder e, adicionemos também, no tratamento que dispensamos a nós mesmos. E dizemos a nós mesmos porque é preciso saber que há uma vida de relação própria, uma vida íntima que pertence única e particularmente a cada um. Ali, nesse íntimo enlace entre a consciência, o coração e a mente, é onde se está perante o juízo que nos interroga e onde todo ser delibera sobre a natureza e o alcance de suas decisões. É justamente nessa vida de relação consigo mesmo que se deve cultivar a pureza fertilizante e ativa que torna puro o campo mental, permitindo que se deem à luz os pensamentos mais nobres e férteis, capazes de operar verdadeiros prodígios no interior do ser, como o de conduzi-lo a insuspeitadas metas do conhecimento.
   Observa-se a presença da inocência em todos os lugares, e em todos os âmbitos que se tem ideia. Um exemplo disto pode-se ver na bíblia sagrada, onde temos a primeira dispensação: a inocência, onde o homem não possuía o discernimento do bem e do mal.
   Se a verdade, mãe de todas as verdades, é fonte inesgotável de pureza e de saber, nada mais lógico que o homem busque submergir sua consciência nessa fonte e se sature desse princípio eterno que infunde a temperança e a benignidade, tão necessárias ao temperamento humano.
   As primeiras contaminações que se produzem na terna idade da infância e que influem tão consideravelmente no ânimo, na moral e instintos do ser, ocorrem na mente. É nela que tomam forma e se instalam como senhores os pensamentos que mais tarde gravitam decididamente no gênero de vida que se elege para satisfação deles.
     É fácil, então, compreender que, para eliminar todo pensamento nocivo e impuro, daqueles que corroem o entendimento, seja necessário efetuar uma rigorosa limpeza mental. Isto é primordial, fundamental, caso se queira resgatar paulatinamente o diáfano fulgor da inocência.
   É preciso saber que a inocência no homem deve ser produto de uma condição superior. A boa intenção, como a boa-fé, o altruísmo, o sentido do bem, do belo e do justo, são sinais característicos de elevação moral. Ali aparece a pureza de tudo de bom que se pode reunir como manifestação de uma vida gentil, amável, doce e consciente de sua natureza inofensiva e leal.
   Quantas fisionomias, ao despoluir-se a mente, não se limpariam dessas expressões de malícia, e quantos olhares maliciosos e intrigantes não se tornariam inofensivos, dissipando o receio do próximo à inspiração de sadios e elevados pensamentos, em cuja convivência a vida se transforma em formosos exemplos de bem!

Marcone, nº28, 1º "A".

Dissertação - Soneto 3


Traição, vacina e cura

A traição é um grande mal da humanidade, ela separa casais, destrói amizades e pode até provocar conflitos entre as pessoas gerando casos de mortes. A mídia está sempre noticiando traições de casais famosos fazendo com que isso pareça algo normal para as famílias. 
Segundo a psicoterapeuta Olga Inês Tessari, são vários os fatores que levam à traição: questões culturais, carências, insatisfação em relação à desejos e expectativas entre parceiros, vingança, a busca pelo novo, o estímulo provocado pela sensação de perigo, ou mesmo de poder. Outras pesquisas relatam que os motivos da traição são quando os parceiros não sentem mais atração um pelo outro, assim buscam algo novo em outras pessoas. Pode acontecer também só para chamar a atenção do outro, ou também por algum motivo de vingança, pois muita gente descobre que o seu companheiro (a) já fez isso, e depois se vinga só para descontar. 
A "verdadeira" traição consiste em posicionar-se de todos os lados e, ao mesmo tempo, de nenhum. Este modo de traição apresenta-se também na incapacidade de trair simplesmente.
O contrário da traição é a fidelidade. Quem trai, está sempre maculando algum pacto de fidelidade. Responsabilizar-se pela traição é assumir o rompimento desse pacto. Nesse sentido, a traição implica sempre em um sacrifício. Trata-se de um problema de escolha e, portanto, de consciência.
Os jornais sempre trazem notícias tristes, onde mulheres são brutalmente agredidas e até mortas por parceiros ciumentos, como o ocorrido no entorno do Distrito Federal, na cidade de Formosa, em agosto de 2013, quando um homem descobriu que sua mulher o traíra, matando ela e o amante. Outro caso recente ocorreu em um Shopping de Brasília, ocasião em que uma mulher foi covardemente esfaqueada e morta pelo seu ex-namorado que se sentiu traído.
A boa notícia é que existem vacina e cura para esse grande mal que é a traição: a fidelidade, que funciona como um verdadeiro antídoto e o perdão, que uma vez liberado por um coração sincero e arrependido pode curar definitivamente a ferida sem deixar cicatrizes, segundo os ensinamentos cristãos. Existem vários depoimentos de casais que tiveram suas vidas restauradas pela confissão e perdão. 


Ruth Oliveira, nº 33, 1º “A”.

domingo, 15 de setembro de 2013

Dissertação - Soneto III

Ilusórias aparências

        Acreditar cegamente no que se vê e criar impressões espontâneas das pessoas e coisas vistas são ações totalmente instintivas, automáticas e fazem parte da natureza humana. Mas as coisas nem sempre são exatamente como se fazem ser vistas. Os detalhes externos estão acostumados a pregar peças e, que ninguém se engane, os olhos são cúmplices disso.
         Estabelecer conceitos de objetos ou pessoas baseando-se no primeiro aspecto notado é algo que ocorre inconscientemente e que exige pouco esforço cognitivo. A explicação para isso está, simplesmente, no fato de que esta é uma característica adaptativa da espécie humana. Detectar rapidamente ameaças ou oportunidades no que se vê é um distintivo usado para reconhecer o valor reprodutivo das coisas. De acordo com o banco de dados PsycINFO Record, um estudo feito em 2007 por Becker, Kenrick, Neuberg, Blackwell e Smith chegou à conclusão de que faces masculinas são reconhecidas mais facilmente como bravas, enquanto as faces femininas são reconhecidas como felizes.
           Se um saca-rolha simples fosse entregue nas mãos de um indígena que nunca teve contato com esse tipo de objeto, ele certamente o observaria por um tempo e logo o classificaria como inútil, sem imaginar a utilidade por trás da aparência descomplicada da peça. É de conhecimento geral que nem tudo é o que parece ser, afinal, o aspecto de algo ou de alguém não é baseado em sua essência verdadeira. Um objeto aparentemente inútil pode ser, na verdade, algo com uma gama enorme de utilidades. Uma pessoa aparentemente dócil pode se revelar alguém nada amigável e, sem dúvida alguma, muitas pessoas já tiveram a oportunidade de descobrir isso.
            Não só as aparências podem pregar peças, mas os olhos também. Alguns fatores influenciam o modo como as pessoas enxergam determinadas coisas. O filósofo inglês John Locke (1632 – 1704) estabeleceu a diferença entre as qualidades sensoriais “primárias” e “secundárias”. As qualidades sensoriais primárias foram definidas como peso, forma, movimento e número das coisas, que são propriedades que os sentidos reproduzem verdadeiramente. Já as qualidades sensoriais secundárias abrangem, segundo ele, as cores, o cheiro, o gosto ou os sons das coisas. Essas outras propriedades não reproduzem características verdadeiras, mas sim o efeito que essas características exercem sobre os sentidos, o que significa dizer que o modo como as cores, o cheiro, o gosto e os sons das coisas são percebidos varia de pessoa para pessoa. Isso também explica o fato de haver opiniões divergentes acerca da beleza de alguém ou do sabor de uma comida.
           As emoções também afetam a maneira como as pessoas são vistas. Quando os sentimentos em relação a alguém são positivos, a tendência é que o indivíduo seja visto com uma aparência melhor do que a que realmente tem. O dito popular “quem ama o feio bonito lhe parece” traduz muito bem esse fato. Já quando esses sentimentos são negativos, a tendência é que se enxergue essa pessoa com uma aparência pior que a real.
               A frase “as aparências enganam” pode ser comum e repetitiva, mas é verdadeira. O aspecto físico é falso, enganoso, e nem mesmo os olhos são totalmente confiáveis, portanto é necessário cautela para não se deixar influenciar pelas aparências.

Roberta, nº 32, 1º "A".

Dissertação - Soneto 3


 Traição no Islã
No mundo ocidental, a traição é comum, de forma geral, uma vez que não é punida pelo Estado e não é considerada crime. No caso do mundo islâmico o adultério é tratado de forma diferente, aqueles que o praticam são punidos pelo governo, punidos de forma extremamente severa, principalmente se a traição for por parte das mulheres, que são injustiçadas em muitos pontos.
Nos países em que a religião muçulmana está diretamente vinculada ao governo, o adultério é considerado um crime quase que hediondo, já que segundo o Alcorão, livro sagrado do Islã, os adúlteros devem ser punidos com a prisão perpétua ou com cem chibatadas. Apesar destas penas serem duras, a que foi adotada nos países mais fundamentalistas (que seguem os costumes à risca) foi ainda mais rígida do que estas, tornou-se comum enterrar uma parte do corpo dos adúlteros e lançar-lhes pedras até a morte, processo conhecido como apedrejamento ou lapidação. Muitos países islâmicos aboliram essa prática, como o Afeganistão e o Paquistão, mas alguns grupos radicais, estimulados pela lei islâmica (Sharia), continuaram praticando o apedrejamento sem o consentimento do Estado.
Nessa punição é possível notar a extrema desigualdade à qual as mulheres são submetidas, primeiramente porque o homem islâmico pode ter diversas esposas enquanto que as mulheres são proibidas tanto de pedirem divórcio como de terem novos relacionamentos, mesmo depois de viúvas, sem ter primeiro o consentimento do Estado. Por isso as mulheres são muito mais propensas a serem acusadas de adultério, mesmo que não o tenha cometido de fato. Não só na acusação, mas também na aplicação da pena as mulheres são desfavorecidas, se durante o apedrejamento o acusado conseguir fugir, é considerado livre, e enquanto os homens são enterrados até a cintura, as mulheres são enterradas até a altura do peito, o que torna a fuga delas muito mais complicada.
Um caso que há alguns anos comoveu o mundo ocidental foi o de Amina Lawal, uma nigeriana que após um relacionamento fora do casamento teve um filho. Amina foi acusada de adultério e condenada ao apedrejamento, mas o pai da criança foi considerado inocente, sem sequer ter feito um exame de DNA. A ONG Baobab for Women's Human Rights, dedicada aos direitos das mulheres, fez uma intervenção e preparou a defesa de Amina perante o tribunal nigeriano. Graças a isso, a nigeriana foi absolvida da pena, mas o caso dela foi uma exceção, muitas outras muçulmanas foram submetidas à mesma injustiça e sofreram a punição.
Assim, tornam-se claras as absurdas injustiças, tanto de acusação quanto de aplicação penal, às quais as mulheres estão submetidas no quesito traição, e em muitos outros. Vale a pena ressaltar que essa não é uma característica exclusiva do Islã, apesar de estar mais evidente nele, isso acontece em todos os lugares.

Isabella, nº20, 1ºA


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Análise do Soneto 03 - Terceira Parte.

Enganei-me, enganei-me - paciência!
Acreditei às vezes, cri, Ormia,
Que a tua singeleza igualaria
A tua mais que angélica aparência.


Enganei-me, enganei-me - paciência!
Ao menos conheci que não devia
Pôr nas mãos de uma externa galhardia
O prazer, o sossego e a inocência.


Enganei-me, cruel, com teu semblante,
E nada me admiro de faltares,
Que esse teu sexo nunca foi constante.


Mas tu perdeste mais em me enganares:
Que tu não acharás um firme amante,
E eu posso de traidoras ter milhares.

Glossário
Galhardia - Beleza, elegância, gentileza.
Semblante - Aparência, aspecto, catadura, fisionomia.

Interpretação
Esta análise do Soneto 03, é um dos sonetos mais compreensivos de Dirceu. Está claro que este soneto foi elaborado a respeito do fim de toda sua história amorosa com Marília, onde ele lamenta por ter se iludido a respeito desse amor que foi impossível, onde continua a exaltar a beleza grandiosa por sua amada, demonstrando ainda emoção e sentimento por ela. O eu lirico segue dramaticamente triste, dizendo que ao menos conheceu quem não deveria ter se apaixonado, ou seja, pelo menos toda essa história de amor lhe serviu como lição, a quem pensava pôr-lhe as mãos em uma prazerosa pessoa inocente e sossegada. '' Enganei-me, enganei-me – paciência!/ Ao menos conheci que não devia/ Pôr nas mãos de uma externa galhardia/ O prazer, o sossego e a inocência. '' Enganado ainda Dirceu diz dessa crueldade que está passando por estar ainda envolvido nesse romance, mas que apesar de estar mal, a quem ele desistiu supõe-se que quem sairá perdendo será Marília, por não ter se comprometido a esse amor verdadeiro. 

Características
Exalta-se principalmente e logicamentente a tomada de posição retratada a uma verdadeira repulsa aos excessos preconizados pela arte barroca. Dessa forma, os representantes árcades optam pela simplicidade, pela ordem direta da linguagem e pela clareza. Partindo do pressuposto de que a simplicidade se revelava como elemento preponderante, outras características demarcaram a arte neoclássica, notadamente expressa pela arte greco-romana, considerada modelo de perfeição, equilíbrio, beleza e simplicidade, exercendo forte influência aos moldes neoclassicistas no que se refere à temática, às regras de composição e ao predomínio de figuras mitológicas.

Comentário sobre a situação histórica
Podendo levar em conta ao que sabemos sobre a ultima parte do livro é que foi escrita sobre a ajuda do poeta Moçambique. Sobre minha concepção é que por toda a trajetória da vida de Dirceu fez com que mesmo com uma certa idade já elevada, lhe fez refletir e amadurecer sobre esse romance tão impossível, onde muda de idéias e pensamentos sobre Marília. É no entanto um certo mistério sua essa situação histórica final do livro, mas ao meu ponto de ver, interessante.

Amanda Marques nº 02, 1º A.

Análise do Soneto 04 -Terceira Parte

Soneto 04

Ainda que de Laura esteja ausente,
Há de a chama durar no peito amante;
Que existe retratado o seu semblante,
Se não nos olhos meus, na minha mente.

Mil vezes finjo vê-la, e eternamente
Abraço a sombra vã; só neste instante
Conheço que ela está de mim distante,
Que tudo é ilusão que esta alma sente.

Talvez que ao bem de a ver amor resistia;
Porque minha paixão, que aos céus é grata
 Por inocente assim melhor persista;

Pois quando só na ideia ma retrata,
Debuxa os dotes com que prende a vista,
Esconde as obras com que ofende, ingrata.

Glossário:
Debuxa -  Descrever.


Interpretação:

No soneto 04 Dirceu fala que ainda que Laura esteja ausente a chama há de acender no peito do amante. Gonzaga ver coisas ele se sente sozinho e na segunda estrofe ele fala que tudo o que ele esta vendo não se passa de uma ilusão. Ele não consegue esquecer sua nova paixão, de qualquer formar ele tenta lembrar o rosto de Laura .

Característica:

No soneto Gonzaga abusa do uso da linguagem simples. Ele foi bem direto na ideologia de Laura sua amada.

Situação histórica:

A única coisa que posso falar é que na época Tomas havia sido deportado para a África ( Moçambique).


Stefane Sampaio N°35 1°Ano ''A''





Análise do Soneto 2 – Marília de Dirceu

Soneto 2

Num fértil campo de soberbo Douro,
Dormindo sobre a relva, descansava,
Quando vi que a Fortuna me mostrava
Com alegre semblante o seu tesouro.

De uma parte, um montão de prata e ouro
Com pedras de valor o chão curvava;
Aqui um cetro, ali um trono estava,
Pendiam coroas mil de grama e louro.

- Acabou – diz-me então – a desventura:
De quantos bens te exponho qual te agrada,
Pois benigna os concedo, vai, procura.

Escolhi, acordei, e não vi nada:
Comigo assentei logo que a ventura
Nunca chega a passar de ser sonhada.


Glossário
Fértil: produtivo.
Soberbo: grandioso, magnífico.
Douro: ouro, riqueza.
Relva: erva rasteira.
Pendiam: inclinavam, curvavam.
Desventura: infelicidade, miséria.
Benigna: faz o bem.
Ventura: sorte.


Interpretação
Neste Soneto, Gonzaga dava saltadas de férias na casa de seus irmãos e tios, que moravam no Porto. Nota-se que nos primeiros versos:
“Num fértil campo do soberbo Douro
Dormindo sobre a relva, descansava...”
O eu lírico demonstra-se satisfeito por estar em meio de sua família e estar descansando em um produtivo campo, que no soneto não deixa bem claro em qual campo, por isso inicia utilizando o termo informal “Num”.
Ele cita também a felicidade material como a Fortuna que lhe chega às mãos, como nos versos:
“Quando vi que a Fortuna me mostrava,
 Com alegre semblante o seu tesouro”.
Nos últimos versos pode-se perceber que o autor cita o termo “ventura”, ou seja, logo nota que  sua sorte “Nunca chega a passar de ser sonhada”.


Características do Arcadismo e da Lira
Pode-se notar que neste Soneto as características estão menos presentes do que nas liras anteriormente. Porém algo que permanece presente são os fatos citados da natureza como a felicidade, a beleza e a tranquilidade no campo.
Nota-se também que o autor tematiza  uma situação convencional, assim como outros poetas árcades, como o uso de termos Greco Romano e Renascentista.
Assim, nesse Soneto, pode-se observar que aos poucos Dirceu vai esquecendo Marília, e mais adiante por não ter seu amor começa a imaginá-la como se a tivesse.


Comentário sobre a situação histórica
A terceira parte da obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga não é muito esclarecida, pois nessa parte da obra o autor sente muitas saudades de sua amada, pois nunca pode tê-la. Portanto Marília, presente ou não, povoa o cotidiano de Dirceu, já que o mesmo a cultiva em seus pensamentos. Há indícios de que alguns de seus sonetos foram feitos depois de ter sido libertado em Moçambique. Mais tarde casa-se com Juliana de Souza Mascarenhas, filha de um traficante de escravos, com quem tivera dois filhos.


Ruth Oliveira, nº 33, 1º "A".

análise do soneto.

soneto 12:

Obrei quando o discurso me guiava,
Ouvi aos sábios quando errar temia;
Aos Bons no gabinete o peito abria,
Na rua a todos como iguais tratava.

Julgando os crimes nunca os votos dava
Mais duro, ou pio do que a Lei pedia;
Mas devendo salvar ao justo, ria,
E devendo punir ao réu, chorava.

Não foram, Vila Rica, os meus projetos
Meter em férreo cofre cópia d'ouro
Que farte aos filhos, e que chegue aos netos:

Outras são as fortunas, que me agouro,
Ganhei saudades, adquiri afetos,
Vou fazer destes bens melhor tesouro.

Glossário: 

Obrar: Executar,fazer,causar,produzir.

Gabinete: Escritório,camarim. Indivíduo
Réu: Indivíduo, contra quem se intenta processo judicial,criminoso,acusado.

Férreo:  Ferro

Agouro:Ato ou efeito de predizer; vaticínio, profecia.

Interpretação:

Dirceu faz referencias a um discurso e quando ele diz :
”ouvi aos sábios quando errar temia”.
ele pode esta se referindo a preferência de ouvir aos sábios,pois tinham medo  de errar .
aos bons gabinetes”.seriam aqueles de boas condições,Dirceu afirma que ele tratavam a todos da rua igualmente.
Dirceu também na segunda estrofe do soneto,ele afirma que julgavam os crimes,e que os votos nunca davam,era duro,ou pior do que a lei pedia,se pudesse salvar o justo ficava feliz e se tivesse que punir uma pessoa que esta sendo condenada,chorava.
“Mas devendo salvar ao justo, ria,
E devendo punir ao réu, chorava.”
seus projetos,ele  refere  que não foi uma  Villa rica,colocar “copia de ouro”(moedas),em cofres de ferro,para que farte os filhos  e que chegue aos netos e sim são outros tipos de fortunas como saudades,os seus afetos adquirido,concluindo que fará disso o melhor tesouro.

Características do arcadismo e do soneto:

O eu- lírico usa muito o estoicismo ele despreza os prazeres e as riquezas.
Não foram, Vila Rica, os meus projetos “.
Dirceu ele da valor a outros prazeres da vida,aproveitando o momento presente,a vida,ele afirma que vai fazer deste bem,a saudade o afeto adquirido o melhor tesouro.característica arcaica carpem diem. O racionalismo também é muito utilizada.

Situação histórica:

Na última parte, o foco passa a ser as traições e enganos. Diferente de outras partes do livro, agora o que toma conta de Dirceu é o pessimismo. Marília não é mais a única amada, uma vez que o eu lírico passa a citar outras pastoras nos sonetos, entrando no final do livro.

luanna,n "26,1"A".

Soneto - Parte III

Soneto 13
Quando o torcido buço derramava
Terror no aspecto ao português sisudo,
Quando, sem pó nem óleo, o pente agudo,
Duro, intonso, o cabelo em laço atava.

Quando contra os irmãos o braço armava
O forte Nuno, opondo escudo a escudo:
Quando a palavra, que prefere a tudo,
Com a barba arrancada João firmava.

Quando a mulher à 
sombra do marido
Tremer se via; quando a lei prudente
Zela o sexo do civil ruído;

Feliz então, então só inocente
Era de Luso o reino. Oh! bem perdido!
Ditosa condição, ditosa gente! 

Glossário
Buço: Bigode.
Sisudo: Prudente; Sério.
Intonso: Sem delicadeza.
Nuno: Nuno Álvares Pereira, condestável (chefe do exército) de Portugal.
João: D. João de Castro, quarto vice-rei da Índia, nomeado “Castro Forte” em uma dedicatória de Os lusíadas.
Luso: Em Os lusíadas, Luso é o fundador da Lusitânia, que viria a se tornar Portugal.

Interpretação  
Na primeira estrofe, se fala a respeito de um português que penteia a barba com grosseria.
Na segunda estrofe, é brevemente citada a história de Nuno Álvares Pereira, um condestável que lutou contra seus próprios irmãos, e a história de D. João de Castro, que para conseguir reconstruir as fortalezas de Diu, pediu um empréstimo aos vereadores e juízes de Goa e para provar sua boa fé, enviou sua própria barba junto com a carta.
Na terceira estrofe, fala de como as mulheres eram protegidas, pela lei, do alvoroço das cidades, vistas como sexo frágil.
Para concluir o soneto, Dirceu faz uma saudação às pessoas e fatos que foram citados nas estrofes anteriores, dizendo que assim eram as coisas na época em que o reino era de Luso, e que isso se perdeu.

Características do Arcadismo
O arcadismo neste soneto se faz bastante claro, pois faz inúmeras referencias aos Lusíadas, pois todos os heróis citados neste soneto - Nuno, João, Luso – foram homenageados anteriormente no clássico de Camões. Essa “imitação” de Camões, que era um poeta da escola literária Classicismo, torna o soneto completamente Neoclassicista.
Além disso, a sequência lógica que o soneto segue se encaixa no Racionalismo, outra característica árcade. A linguagem é simples e não apresenta exageros e assim é composto o arcadismo no poema.

Comentário sobre a situação histórica
A situação histórica desse soneto é bastante incerta, feita basicamente de deduções, pois os sonetos não têm uma cronologia certa, além do fato de que, para muitos estudiosos essa parte não é sequer da autoria de Gonzaga, pelo estilo deste poema é possível deduzir a época mais provável em que foi escrito, mas ainda assim não é uma certeza absoluta.
Assim, é provável que Gonzaga, a esta altura, já havia superado sua enorme paixão por sua amada, visto que Marília não é sequer citada no poema, mas isso não quer dizer necessariamente que ele tenha deixado de amá-la.
Também se pode deduzir que este soneto foi escrito depois que Gonzaga foi libertado, na época que morou em Moçambique e conheceu Juliana Mascarenhas com quem teve dois filhos, Ana Mascarenhas e Alexandre Mascarenhas.


Isabella, nº20, 1ºA

Análise do Soneto 01-Terceira Parte

Soneto 01

É gentil, é prendada a minha Altéia;
As graças, a modéstia de seu rosto
Inspiram no meu peito maior gosto
Que ver o próprio trigo quando ondeia.

Mas, vendo o lindo gesto de Dircéia
A nova sujeição me vejo exposto;
Ah! Que é mais engraçado, mais composto
Que a pura esfera, de mil astros cheia!

Prender as duas com grilhões estritos
É uma ação, ó deuses, inconstante,
Indigna de sinceros, nobres peitos.

Cupido, se tens dó de um triste amante,
Ou forma de Lorino dois sujeitos,
Ou forma desses dois um só semblante.

Glossário:

Grilhões: Cadeia metálica de anéis encadeados (no sentido figurado).
Estritos: rigoroso.
Semblante: fisionomia; no contexto poderia ter sentido da palavra ‘’criatura’’ ou da palavra ‘’ ser’’.

Interpretação:

Podemos perceber neste soneto a presença de pelo menos duas mulheres, ou seja, pelo menos duas pastoras a quem Gonzaga se refere.
Na primeira estrofe vemos que ele se refere a Altéia, que segundo o autor, tem o rosto gracioso e uma modéstia que não tem como não levar em conta.Observa-se também que Altéia é uma mulher cujo sua beleza e seu modo de ser inspiram mais do que a beleza do toque do vento no puro trigo:'' [...] As graças, a modéstia de seu rosto/Inspiram no meu peito maior gosto/Que ver o próprio trigo quando ondeia.’’
Na segunda estrofe, Dirceu admite que algo que Dircéia fez , acabou sujeitando-o a ela novamente e, o eu lírico considera isso engraçado, já que ele tinha a opção de não o fazer.Nota-se que o eu lírico refere-se à amada como Dircéia;
não mais usa o vocativo Marília, como nas liras anteriores. Entende-se que Dircéia é um nome referente a Dirceu (de Dirceu).
Quando anali
sa-se as duas últimas estrofes vê-se que o poeta termina seu soneto demonstrando seu desespero e por último fazendo uma súplica ao Cupido, pedindo-o que resolva sua situação, separando o casal definitivamente ou unindo-os como simplesmente um.

Características:

Observa-se neste soneto a presença de duas características árcades distintas:
Imitação dos antigos, onde os greco-romanos, que são considerados modelos perfeitos de equilíbrio, beleza e simplicidade são imitados, diretamente ou através do Renascimento. Essa imitação diz respeito aos temas, ao uso da mitologia como podemos ver no seguinte verso ‘’ Cupido, se tens dó de um triste amante [...]’’ e, sobretudo às regras de composição, que devem ser rigorosamente cumpridas (versos decassílabos e a rima optativa).
Distanciamento amoroso, onde a mulher é vista como um ser superior, inalcançável e imaterial.

Comentário sobre a situação histórica:
Não se têm muitas informações com relação à última parte do livro Marília de Dirceu, já que é uma publicação confusa, pois não se sabe ao certo quem a escreveu.
O que podemos levar em conta é que esta parte foi escrita após o exílio do poeta para Moçambique devido sua participação na Inconfidência Mineira. Apesar dos sofrimentos passados na prisão – conforme os tristes versos escritos no cárcere -, Gonzaga levou uma vida quase normal, casando-se, enriquecendo e envolvendo-se na política local. O poeta casou-se com a filha de um comerciante de escravos chamada Juliana de Sousa Mascarenhas, de 18 anos, o que é muito contraditório já que este era contra a escravidão. O que se pode garantir é que Gonzaga não deixou apenas sua prole, suas liras e seus sonetos, o grande Dr.Tomás Antônio Gonzaga e o pastor Dirceu deixaram para nós um enigma, que cabe a cada um resolver.


Marcone, n°
28, 1° ''A''.

Análise do Soneto 11 - Terceira parte

Soneto 11

Com pesadas cadeias manietado,
Às vozes da razão ensurdecido,
Dos céus, de mim, dos homens esquecido,
Me vi de amor nas trevas sepultado.

Ali aliviava o meu cuidado
C’o dar de quando em quando algum gemido.
Ah! tempo! Que, somente refletido,
Me fazes entre as ditas desgraçado.

Assim vivia, quando a falsidade
De Laura me tornou num breve dia
Quanto a razão não pôde em longa idade:

Quebrei o vil grilhão que me oprimia!
Oh! feliz de quem goza a liberdade,
Bem que venha por mãos da aleivosia!

Glossário

Manietado: Preso, sem liberdade.
Cuidado: O sentido de cuidado, aqui, não é o de cautela, mas de uma inquietação de espírito.
Ditas: Referência às trevas da primeira estrofe (ditas trevas).
Vil: Infame, desprezível
Grilhão: Corrente de metal, prisão (no sentido figurado).
Oprimir: Exercer pressão sobre. Pode ser interpretado também, no contexto, como afligir.
Gozar: Ter prazer em algo.
Aleivosia: Traição cometida por aquele em que se deposita fé.

Interpretação


A princípio, o soneto traz uma linha de pensamento melancólica e lamentosa. O eu lírico afirma que, preso, ele não mais escutava as vozes da razão, que estava esquecido dos céus, dele próprio e dos homens. Então ele diz que se viu sepultado nas trevas, por causa do amor. Entende-se, nessa passagem, que a tristeza dele é tão grande que pode ser comparada às trevas. Na segunda estrofe, Dirceu afirma que era ali que a sua inquietação era aliviada, mesmo com alguns gemidos (de dor) soltados às vezes. Logo depois, o eu lírico reclama que o tempo o transforma em uma pessoa infeliz, nas trevas. A terceira estrofe traz um novo assunto: a falsidade de Laura. O eu lírico vivia no escuro, triste, sem escutar a voz da razão até que a falsidade dela fez por ele, em um breve dia, o que a razão não havia feito em um bom tempo: libertou-lhe.
As questões que restam agora são "Quem é Laura?" e "Por que a falsidade dela libertou-lhe?". Deve-se levar em conta que essas são duas questões difíceis de serem respondidas, tanto devido à carência de informações sobre essa parte da vida do autor quanto à complexidade da linha de raciocínio do mesmo. Laura é, segundo algumas fontes, um pseudônimo usado para uma amante de Tomás Antônio Gonzaga, Maria Joaquina Anselma de Figueiredo. Há, até mesmo, alguns pesquisadores e críticos que acreditam ser esta a verdadeira Marília de Dirceu. Há informações de que Maria Joaquina teria afirmado que Gonzaga era pai de seu filho, o qual o poeta não teria assumido. De acordo com o contexto do soneto, Laura fez algo realmente ruim que fez com que Dirceu abrisse os olhos e se libertasse da prisão analógica, vindo a gozar da liberdade, mesmo que esta tenha vindo por meio da traição. Quanto a esse acontecimento, não foram encontradas fontes que o relatem, deixando-nos assim a tarefa de imaginá-lo.

Características do Arcadismo e do soneto

Neste soneto, as características árcades já estão bem mais apagadas que nas liras anteriormente analisadas. No entanto, ainda é notável uma certa valorização da razão: a época em que ele não estava ouvindo a voz da razão é considerada (indiretamente) uma época de trevas. Como já foi dito antes, há o uso do pseudônimo, usado, no Arcadismo, para cortar relações com as origens nobres ou plebeias das pessoas citadas. A linguagem pode ser considerada simples, se comparada ao Barroco. Não há nem exaltação da natureza, nem referências aos seres da mitologia greco-romana. Pode-se notar também algumas características pré-românticas, como o pessimismo (melancolia), o emocionalismo e a valorização da liberdade.

Comentário sobre a situação histórica

A terceira parte do livro Marília de Dirceu é uma publicação confusa, irregular e, por isso, não muito trabalhada. Não é à toa que muitos críticos se questionam se esta parte é realmente da autoria de Tomás Antônio Gonzaga, uma vez que há uma diferença considerável entre as duas primeiras partes da obra e a terceira. Esta última provavelmente foi escrita após o degredo de Gonzaga devido a sua participação na Inconfidência Mineira. No final 1800, a Gazeta de Lisboa publicou esta notícia: "Saiu à luz: Terceira parte da obra poética Marília de Dirceu, composta por Tomás Antônio Gonzaga.". Hoje em dia, esta terceira parte está presente na maioria das edições de Marília de Dirceu, porém, é a parte do livro sobre a qual é mais difícil encontrar informações.
Um aspecto a ser mencionado é que a ideia que se tem sobre Marília é de uma mocinha que, às vésperas de seu casamento (uma semana antes), teve seu noivo levado preso e esperou para sempre pelo seu retorno. Uma das questões sobre o tema que mais levanta discussões é a de que Maria Doroteia permaneceu fiel ao amado pelo resto de sua vida. Seria realmente possível? O fato é que, exilado, o poeta casou-se com Juliana de Sousa Mascarenhas, de 18 anos, com quem teve dois filhos: Ana e Alexandre Mascarenhas Gonzaga. Alexandre faleceu solteiro, sem descendência, mas Ana teve filhos de dois casamentos e há ainda hoje, em Moçambique, numerosos descendentes de Tomás Antônio Gonzaga.

Roberta Fidelis, nº 32, 1º "A".