Tu não verás, Marília, cem cativos
Tirarem o cascalho, e a rica, terra,
Ou dos cercos dos rios caudalosos,
Ou da minada serra.
Não verás separar ao hábil negro
Do pesado esmeril a grossa areia,
E já brilharem os granetes de ouro
No fundo da bateia.
Não verás derrubar os virgens matos;
Queimar as capoeiras ainda novas;
Servir de adubo à terra a fértil cinza;
Lançar os grãos nas covas.
Não verás enrolar negros pacotes
Das secas folhas do cheiroso fumo;
Nem espremer entre as dentadas rodas
Da doce cana o sumo.
Verás em cima da espaçosa mesa
Altos volumes de enredados feitos;
Ver-me-ás folhear os grande livros,
E decidir os pleitos.
Enquanto revolver os meus consultos.
Tu me farás gostosa companhia,
Lendo os fastos da sábia mestra história,
E os cantos da poesia.
Lerás em alta voz a imagem bela,
Eu vendo que lhe dás o justo apreço,
Gostoso tornarei a ler de novo
O cansado processo.
Se encontrares louvada uma beleza,
Marília, não lhe invejes a ventura,
Que tens quem leve à mais remota idade
A tua formosura.
Glossário:
Cativos: escravos.
Minada: escavada.
Esmeril: resíduo de minerais pesados.
Granetes: pequenos grãos.
Bateia: gamela de madeira usada para lavagem de areia ou
cascalho que contenha minerais preciosos.
Capoeiras: mato nascido nas áreas em que faz a derrubada de
matas virgens.
Feitos: processos judiciais.
Pleitos: conflitos.
Consultos: anotações.
Fastos: fatos.
Interpretação
A Lira III da terceira parte da obra Marília de Dirceu,
considerada uma das mais belas, apresenta o realismo descritivo, captando
paisagens e o trabalho dos escravos na região.
O eu lírico faz referências à mineração e à agricultura, apresentando
dois ambientes, o exterior (apresentado nas quatro primeiras estrofes), e o
interior (apresentado nas quatro últimas estrofes). Pode-se notar então que os escravos
trabalham em atividades econômicas da região como a exploração aurífera através
da mineração. Nos versos “granetes de oiro/ No fundo da bateia”, da segunda
estrofe, foi empregado o termo garimpagem, ou seja, nessa parte observa-se o
solo sendo explorado à procura de ouro. O trabalho industrial também é
apresentado na lira através da produção do fumo e do açúcar, presentes na
quarta estrofe.
Características do
Arcadismo e da Lira
Na Lira III, as características presentes são o discurso em
ordem direta, a moderação no emprego da linguagem, as referências à mineração e
à agricultura que são apresentadas logo nas primeiras estrofes. Outra
característica marcante é o uso frequente de adjetivos como em “rica terra”,
“hábil negro” e “cansado processo”. Na última estrofe, o autor propõe que a
beleza de sua amada seja eternizada por suas palavras, exaltando não apenas a si
mesmo, mas também à Marília.
Comentário sobre a
situação histórica
Tomás Antônio Gonzaga propõe diante da promessa de total
dedicação à Marília que sua beleza seja eterna por sua lira. No ambiente fora
da realidade da vida de casados, o poeta não apenas exalta Marília, mas também
a si mesmo. Apesar de ter passado muito tempo na prisão e de ter ficado longe
de sua amada ele ainda tem esperanças de poder viver ao seu lado e casar-se com
ela.
Ruth Oliveira, nº 33, 1º "A".
A análise está boa. Foi interessante o destaque dado à presença da mineração e da produção do fumo e do açúcar, uma vez que isso dá uma característica nacional ao movimento de valorização dos ideais da Antiguidade clássica. A interpretação, as características da lira e do Arcadismo e o comentário histórico foram bem objetivos.
ResponderExcluirRoberta, nº 32, 1º "A".
sua interpretação esta bem clara,o jeito como você menciona, sua clareza da enfase ao leitor a entender mais a análise da lira,esta ótima.
ResponderExcluirluanna,n 26,1 "a"
A análise está muito bem feita, esclarecedora e objetiva.
ResponderExcluirObservei apenas um pequeno deslize no comentário sobre a situação histórica, você usou a palavra ''eterna'' ao invés de usar ''eternizada'', com relação a análise como um todo volto a dizer que está bem feita.
Marcone, n°28, 1''A''.
A lira foi bem interpretada a característica do Arcadismo foi bem colocada, mas eu concordo com o Marcone no deslize que você teve. Apesar disso sua lira foi ótima.
ResponderExcluirStefane Sampaio 1°Ano ''A'' N°35
A análise foi completa e bem elaborada, só acredito que deveria ter sido dada um pouco mais de atenção na interpretação das últimas estrofes.
ResponderExcluirIsabella, nº20, 1º A
Gostei bastante da sua análise, sinceramente se não fosse pelo comentário do Marcos eu não iria ter notado esse pequeno deslize, sua interpretação foi muito bem produzida, assim como as características e o comentário sobre a situação histórica.
ResponderExcluirAmanda Marques nº 02, 1º A.
Marcos, é?
Excluiré Marcone
ExcluirGostei bastante da sua análise, sinceramente se não fosse pelo comentário do Marcos eu não iria ter notado esse pequeno deslize, sua interpretação foi muito bem produzida, assim como as características e o comentário sobre a situação histórica.
ResponderExcluirAmanda Marques nº 02, 1º A.
Me ajudem nas perguntas.
ResponderExcluir1) o poema de Tomás Gonzaga expressa um ponto de vista a respeito do amor e da beleza que ponto de vista é Esse?
2) Segundo o poema, esse ponto de vista é uma verdade universal que se aplica igualmente a todos os seres. Localize e registre no caderno os versos que comprovam essa afirmação?
Kggfhjhfgbjju
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