Análise lira XIX - Parte II
Nesta triste masmorra,
De um semivivo corpo sepultura,
Inda, Marília, adoro
A tua formosura.
Amor na minha ideia te retrata;
Busca extremoso, que eu assim resista
À dor imensa, que me cerca, e mata.
Quando em meu mal pondero,
Então mais vivamente te diviso:
Vejo o teu rosto, e escuto
A tua voz, e riso.
Movo ligeiro para o vulto os passos;
Eu beijo a tíbia luz em vez de face;
E aperto sobre o peito em vão os braços
Conheço a ilusão minha;
A violência da mágoa não suporto;
Foge-me a vista, e caio,
Não sei se vivo, ou morto.
Enternece-se Amor de estrago tanto;
Reclina-me no peito, e com mão terna
Me limpa os olhos do salgado pranto.
Depois que represento
Por lago espaço a imagem de um defunto,
Movo os membros, suspiro,
E onde estou pergunto.
Conheço então que amor me tem consigo;
Ergo a cabeça, que inda mal sustento,
E com doente voz assim lhe digo:
Se queres ser piedoso,
Procura o sítio em que Marília mora,
Pinta-lhe o meu estrago,
E vê, Amor, se chora.
Se lágrimas verter, se a dor a arrasta,
Uma delas me traze sobre as penas,
E para alívio meu só isto basta.
Glossário
Inda: O mesmo que ainda
Pondero: cismo; cogito; considero; cuido; discorro; matuto; medito; penso; raciocino; reflito; rumino.
Tíbia: é o maior e mais forte dos ossos da perna, abaixo dos joelhos.
Enternecer-se: Comover, sensibilizar: enternecer o coração.
Interpretação
Mesmo diante do sofrimento o que dar-lhe o sustento simplesmente eram suas lembranças de Marília, que recorda o seu lindo sorriso a sua doce voz e seu suave cheiro. Quando ele fala que beija a tíbia ele está se referindo a Marília, que queria ela naquele momento com ele, mas quando Gonzaga percebe que não tem ela naquele momento com ele, Tomás fica triste e logo ele se lembra de toda as coisas boas que Marília trouxe para ele.
Características
Na lira XIX Tomás fala muito sobre o racionalismo, pois ele recorre nas suas situações genéricas e não àquelas oriundas de paixões criativas. Isso deixa bem claro a existência do neoclassicismo na lira.
Situação histórica
A lira foi escrita quando Tomás estava preso, ele queria de algum modo lembrar Marília. Ele fala que mesmo distante ainda pensa em Marília e busca nesses pensamentos esquecer o exilio..
Stefane Sampaio 1° Ano ''A'' N° 35
sua interpretação esta boa,mas você deveria aprofundar mais.a situação histórica e as características do arcadismo esta devidamente correta.
ResponderExcluirluanna,n 26,1'a'.
Stefane, sua interpretação ficou boa, porém, assim como nela, nas características e no contexto histórico deveriam ter sido aprofundadas para um melhor entendimento aos leitores. Acredito que na lira o eu lírico demonstra que seus sentimentos são maiores por estar longe de Marília do que estar na própria prisão, por isso demonstra claramente em suas palavras sentimentos de angústia, dor e saudades que sente por ela. Algo que deveria ser acrescentado também seriam as palavras sublinhadas, que estão presentes no glossário.
ResponderExcluirRuth Oliveira, nº 33, 1º “A”.
Sua interpretação não é por estar curta, mas acho que você deveria ter aprofundado um pouco mais sobre a lira, também nas características e nas situações históricas, mas olhando com um todo o modo que você fez está bom.
ResponderExcluirAmanda Marques nº 02, 1º A
A interpretação não foi tão esclarecedora o quanto poderia ser para uma lira tão rica quanto essa.
ResponderExcluirCreio que as características poderiam ser mais sucintas.Já o comentário foi muito bom e muito bem feito.
Marcone, n°28, 1º''A''.
A análise foi mais resumida que o necessário, deixando uma carência de conteúdo na interpretação e, principalmente, nas características do Arcadismo e da lira. Tudo poderia ter sido mais aprofundado. Mas a análise não foi de todo incompleta, a interpretação foi boa nos aspectos que foram enfatizados.
ResponderExcluirRoberta, nº 32, 1ª "A".
A interpretação foi bem feita, mas nas características e no histórico foi dada apenas uma leve pincelada, poderiam ter sido acrescentados mais detalhes a respeito da lira.
ResponderExcluirIsabella, nº20, 1ºA